sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Em branco

Tão quieto, quedo, onusto, porém vazio. Percebe a falta de tudo, até mesmo das tantas horas em devaneio que antes tantas vezes costumava encontrar-se, ou qualquer pista para que algo agora aflore em sua mente. Só fica ali, espiando pelo vidro da janela, aquele ar de fora, aquelas flores no jardim, o canto, o riso, a fala. Não mais sonha com essas coisas, não deseja, não lhe atentam. "Que houve com as folhas de caderno preenchidas espalhadas pelo chão do quarto?" Só sabe lamentar, pois não sabe como explicar. Sabia por si próprio que de certa forma, aquela antiga infelicidade era o que tanto o incentivava a escrever durante horas para si mesmo. Mas dessa vez é diferente. Não afirma qualquer felicidade, por não saber exatamente o que a mesma significa. Ele só sabe que não sabe, que não vai e que não será. Ele sabe que os amigos estão indo embora, e que dessa vez os vai deixar do lado de fora. Por tanto lamentar, por tanto esperar.